Observar o rio passar...
domingo, 27 de abril de 2014
sexta-feira, 25 de abril de 2014
achados e perdidos
Luna chega no Balcão de Achados e Perdidos do Metrô
Cleia, meio tensa ao celular, vê Luna com olhos arregalados e, a contragosto, desliga.
Cleia: Posso ajudar?
Luna: Que bom ouvir isso! Adoro ouvir "posso ajudar"! Olha! (mostra os braços) Tô toda arrepiada! Finalmente!
Cleia: Posso ajudar?
Luna: Mas é claro que pode! Deve! Suas palavras me fazem chorar. Não, porque, não sei se você reparou, mas hoje em dia ninguém mais se olha nos olhos, muito menos pergunta se pode ajudar...
Cleia: (ríspida) Posso ou não posso ajudar?
Luna: Sim! Sim! Pode! Eu tô procurando uma coisa.
Cleia: Qual o seu nome?
Luna: Luna. Meus pais queriam me chamar de Lua, mas acharam esse nome hippie demais aí colocaram um "n" no meio...
Cleia: (corta) Cartão, carteira, bolsa, identidade, CPF, celular?
Luna: Oi?
Cleia: Cartão, carteira, bolsa, identidade, CPF, celular... O que foi que você perdeu?
Luna: Aahhh! O que eu perdi! A mim.
Cleia: "A mim"?! É um tipo de remédio? Se for, acho que não veio nenhum remédio pra...
Luna: (corta) A mim mesma. Eu me perdi.
(pequeno tempo Cleia olha Luna sem entender)
Luna: É o seguinte: há um tempo eu ando tentando me encontrar. E não sei exatamente quando isso começou, sabe? Mas sinto que a a cada dia tá pior. A cada dia eu me perco mais. Me perco de mim, entende? Isso tá me fazendo um mal tão grande... Tô angustiada. Por isso que eu vim aqui. Então, você pode ver se eu me acho?
Cleia: (pequena pausa) Olha, Luna, sinto te dizer, mas você veio ao lugar errado.
Luna: Como lugar errado? Aqui não é Balcão de Achados e Perdidos?
Cleia: É, mas..
Luna: (corta) Então não há lugar mais adequado para eu estar agora!
Cleia: Mas no seu caso, eu não vou poder ajudar.
Luna: Querida, desculpa. Não é uma questão de poder. É uma questão de você fazer o seu trabalho. Apenas isso.
Cleia: Mas é que o meu trabalho não inclui achar pessoas, apenas objetos.
Luna: Mas isso é um absurdo! Aonde está escrito isso?! É por isso que esse país não vai pra frente. Isso é enganação ao consumidor. Exijo uma retratação!
Cleia: Por favor, não levante a voz pra mim!
Luna: Desculpe, não é com você. Eu sei que você só é mais uma funcionária que só recebe ordens, mas você pensa que é fácil?! Você não sabe o tamanho da expectativa quando eu soube que havia esse Balcão aqui no Metrô da Carioca. Você não sabe como me enchi de esperança ao saber desse lugar. Me arrumei toda para o encontro comigo mesma. Fiz até a unha, comprei batom! Aí eu chego e tenho essa decepção?! É muito triste!
Cleia: Triste?! Eu vou te dizer o que é muito triste. Triste é passar o dia inteiro aqui atras desse balcão, num subsolo de um metrô, vendo toda essa gente indo pra lá e pra cá, se movimentando, sabe, movimentando, enquanto eu fico aqui, parada, pensando numa maneira de conquistar o mundo que termina no primeiro almoço do dia, depois que eu como um prato maior que a minha barriga e não tenho mais condições de pensar em nada.. Triste é saber que o Ricardo Freedman que tem cartão internacional do Itaú Personalité nunca virá buscar o cartão, porque provavelmente ele tem outros e pra que se preocupar com isso?! Ou (pega uma foto) a Clara Vianna nunca ira buscar essa foto, que ela tirou nas montanhas de um lugar bonito do mundo. E que eu adoraria estar nessas montanhas como a Clara e no fundo adoraria que Clara viesse buscar essa foto para, quem sabe, conversar com ela um pouco e, quem sabe, ela me convidasse pra ir na próxima viagem. E eu fico torcendo para virem buscar as coisas. Para ver as pessoas por trás das coisas. E só me resta imaginar e isso me deixa um pouco triste. Agora me diz. Quem tá mais perdida, você ou eu?!
(grande silencio)
Luna: Eu tenho Riviotril, quer?
Cleia: Não, obrigada, eu me viro bem com chocolates.
Luna: Ah...(tempo) Bom, então se precisar de qualquer ajuda, pode contar comigo. Esse é o meu cartão. (entrega um cartão) Tem meu telefone.
Cleia: Obrigada! Desculpa aí o desabafo.(chora)
Luna: Imagina... Não chora! Eu te entendo.
Cleia: Você me entende? Que bom!
Luna: Vem cá.
(Luna dá um abraço em Cleia que se debulha em lágrimas)
Luna: Fica calma. Vai ficar tudo bem.
Cleia: Obrigada.
(terminam o abraço)
Luna: Então eu vou continuar por ai tentando me achar....
Cleia: Boa sorte. (Luna vai sando) Luna!
Luna: (para) Oi?
Cleia: Eu saio daqui a meia hora, topa ir no cinema? Ta passando um filme ótimo no Odeon. Hoje é só cinco reais.
Luna: (tempo) Taí! Topo!
Cleia: Quem bom! Eu tava doida pra ver, mas não queria ir sozinha...
Luna: Eu vou comprando os ingressos.
Cleia: Quem bom! Eu tava doida pra ver, mas não queria ir sozinha...
Luna: Eu vou comprando os ingressos.
Cleia: Boa.
Luna: Pra que lado é a saída do cinema?
Cleia: É pra...
Luna: (corta) Achei!
Cleia: Achou?
Luna: Achei!
O telefone toca. Cleia não atende. Sorri.
terça-feira, 22 de abril de 2014
solidez contemporanea
Lindos e infames são os desencaixados românticos, esses transgressores do modismo, com almas apegadas ao passado que talvez só existiu no imaginário de escritores.
Pedem com os olhos o que a boca não fala.
Silenciam até transbordarem e saem loucos por aí, dando um jeito de acalmarem as pontadas fortes no peito.
Pontadas fortes no peito que sentem. Ah, eles sentem! Quando a vida invade a avenida do coração nem o mais poderoso Buda é capaz de reconhecer o que acontece.
Sentam na mesa de bar para beber o futuro no copo gelado, ou café com pão de queijo, os que preferem café com pão de queijo.
Buscam respostas nas experiências de outros, buscando aconchego e um pouco de paz.
Buscam respostas nas experiências de outros, buscando aconchego e um pouco de paz.
E se emocionam quando olham os amigos e de repente lembram o quanto é bom ama-los.
Eles amam e é geralmente incondicional. E concreto.
Eis os sólidos a pulsar por aí.
Vivem meio perdidos com tantas respostas sem soluções.
Mas quando se acham...
Ufa!
Haverá festa no fim do túnel.
Ufa!
Haverá festa no fim do túnel.
segunda-feira, 21 de abril de 2014
instante no calçadão de noite
Às vezes é preciso entender o que corpo pede. Principalmente quando não se sabe mais onde colocar as mãos, depois de "tudo ia normalmente, até que...". O computador havia dado pau. O seu objeto de trabalho gritou, ficou azul, aquelas letrinhas estranhas surgiram na tela e sem saber o que fazer deu um boot, game over, sei lá o que eu fiz. Ela entendeu isso como um sinal. Tava sufocante demais ficar ali. Ainda mais com aquele ar dizendo "venha". Porque a maior angustia é estar num lugar querendo estar em outro e ter que matar a angustia, engolir seco, comer sapo, ligar a TV e chorar de vazio. Seguiu o caminho mais óbvio. Colocou sua roupa mais sei lá o que. Era pra ser leve. Um short, uma blusa solta. A ideia era deixar o vento fazer da roupa uma extensão do cabelo, esse que meio que prendi, mas soltei, mas prendi e desisti e fui assim mesmo. Olhou pra ela, a Babi. A Babi é prateada, detalhes em vermelho, recém saída da revisão, um piteuzinho de rodas. A Babi estava linda a sua espera, ansiosa para dar uma voltinha com seus freios novos e um sorriso no guidon. Fomos, nós duas. Ela e a Babi. Naquela hora, sair de casa era enlaçar o controle inexistente das coisas. Lei it go, meu bem. Vamos sentir o vento, são dez da noite e o calçadão de Copacabana está ansioso pra te ver!
É impressionante o calçadão de Copacabana de noite. E que fique claro. De Copacabana! Não há nada parecido com Copacabana. É a diversidade que compensa o tédio no final do túnel. Não havia lua. Mas o ar estava sensacional. Perfeito para novos portais. Muitos casais se beijavam, famílias inteiras faziam filas para o camarão no espeto. Nos quiosques ( se é que é ainda assim que se chamam) músicas para todos os tipos. Era exatamente isso o que ela queria: sair da anti-paz do lar e ouvir Lupicínio Rodrigues cantado por um músico empolgado com seus três ouvintes. Mais a frente, rock and roll, man! Se distraiu com um maluco, só que não, que dizia que o mundo acabou e já estamos no purgatório. Quase atropelou o corredor, que não a xingou porque ficou desconcertado ao ver o sutiã dela praticamente pra fora da camisa com o deslocamento brusco da Babi. Ela ajeitou a camisa e segui sem culpa até o extremo do calçadão.
Chegou a comparecer no outro bairro, mas que tristeza, que pobreza de espírito. Quase todos os serem humanos iguais, torciam o nariz para os surfistas que, felizes com o acolhimento do mar, faziam arruaça antes de voltar pra casa. Voltei correndo pra Copacabana! Cores, cheiros, músicas, loucos, solitários, melancólicos, alegres, gordinhos, vulgares, sexys... Que delícia! Isso sim é que é vida! Se não se pode ter tudo, se não se pode estar no alto de uma montanha fazendo trekking, e se não foi ao churrasco de feriado, por pura incompetência em fazer esforço para estar em sociedade naquele lindo dia, não haveria melhor lugar para estar agora. A Babi agradecia.
Foi ao outro extremo, o melhor lugar para ela. Se Copacabana era alegria, o Leme a nostalgia! O Leme! Porque a pedra que envolve o mar valoriza a beleza da cidade quando o caos quer falar mais alto. E - por pequeno instante - até esquecemos a violência, as dores nos olhos perdidos e esquecemos o carma. O Leme suscita, evoca a divindade. É uma pequena prova da Serra-mar na cidade mesmo.
Rodopiou umas quatro vezes o bairro. Na pedra acabava um showzinho pop. O lugar tava cheio, mas o rico do prédio em frente não gostou do carnaval fora de época e gritou "cala a boca viado!". Ninguém o ouviu, só eu. E ri de sua pateticidade. "Deixa em paz meu coração!" Era o que gritava a bichinha louca, só que não, no banco. "Deixa em paz meu coração! Tô falando com você, tá surda?" Era com ela? Não. Era com a moça que passava com seu namorado impunemente. "Deixa em paz meu coração, que ele é um pote até aqui de mágoa. E se tiver desatenção, faça não, pode ser a gota dágua..." E que belo é ouvir essa música tão densa na voz da bichinha. Se Chico soubesse, poderia até se apaixonar... Vai saber.
Suspirou... Ai, ai, não queria voltar pra casa. Ia fazer o quê? Escrever essa espécie de crônica? Melhor seria se... Mas enfim. Infelizmente o calçadão começa e acaba. E no meio, ela voltava. Resolvi me despedir ouvindo mais um pouco do Lupicínio. Quase chorou... Lembrou que tava nos dias vermelhos de fúria. Eita, como era difícil, às vezes, se entender em meio a tanta informação. Vamos lá. Sigamos. Assim ela pensava. Porque uns dão importância para coisas que nem passam pela cabeça de outros. Mas é justamente isso que! Vento, obrigada, você acarinhou minha noite. E um beijo, Copacabana. Vou voltar para mais uma de suas janelas indiscretas e terminar a peça que ta me remoendo por dentro, porque a obrigação é a porta para a transgressão.
Voltou pra casa com leve sorriso nos lábios, mas que nem percebeu, porque pensava em outra coisa. Seu doce porteiro carregou a Babi, essa sim, bem felizinha com o passeio.
É impressionante o calçadão de Copacabana de noite. E que fique claro. De Copacabana! Não há nada parecido com Copacabana. É a diversidade que compensa o tédio no final do túnel. Não havia lua. Mas o ar estava sensacional. Perfeito para novos portais. Muitos casais se beijavam, famílias inteiras faziam filas para o camarão no espeto. Nos quiosques ( se é que é ainda assim que se chamam) músicas para todos os tipos. Era exatamente isso o que ela queria: sair da anti-paz do lar e ouvir Lupicínio Rodrigues cantado por um músico empolgado com seus três ouvintes. Mais a frente, rock and roll, man! Se distraiu com um maluco, só que não, que dizia que o mundo acabou e já estamos no purgatório. Quase atropelou o corredor, que não a xingou porque ficou desconcertado ao ver o sutiã dela praticamente pra fora da camisa com o deslocamento brusco da Babi. Ela ajeitou a camisa e segui sem culpa até o extremo do calçadão.
Chegou a comparecer no outro bairro, mas que tristeza, que pobreza de espírito. Quase todos os serem humanos iguais, torciam o nariz para os surfistas que, felizes com o acolhimento do mar, faziam arruaça antes de voltar pra casa. Voltei correndo pra Copacabana! Cores, cheiros, músicas, loucos, solitários, melancólicos, alegres, gordinhos, vulgares, sexys... Que delícia! Isso sim é que é vida! Se não se pode ter tudo, se não se pode estar no alto de uma montanha fazendo trekking, e se não foi ao churrasco de feriado, por pura incompetência em fazer esforço para estar em sociedade naquele lindo dia, não haveria melhor lugar para estar agora. A Babi agradecia.
Foi ao outro extremo, o melhor lugar para ela. Se Copacabana era alegria, o Leme a nostalgia! O Leme! Porque a pedra que envolve o mar valoriza a beleza da cidade quando o caos quer falar mais alto. E - por pequeno instante - até esquecemos a violência, as dores nos olhos perdidos e esquecemos o carma. O Leme suscita, evoca a divindade. É uma pequena prova da Serra-mar na cidade mesmo.
Rodopiou umas quatro vezes o bairro. Na pedra acabava um showzinho pop. O lugar tava cheio, mas o rico do prédio em frente não gostou do carnaval fora de época e gritou "cala a boca viado!". Ninguém o ouviu, só eu. E ri de sua pateticidade. "Deixa em paz meu coração!" Era o que gritava a bichinha louca, só que não, no banco. "Deixa em paz meu coração! Tô falando com você, tá surda?" Era com ela? Não. Era com a moça que passava com seu namorado impunemente. "Deixa em paz meu coração, que ele é um pote até aqui de mágoa. E se tiver desatenção, faça não, pode ser a gota dágua..." E que belo é ouvir essa música tão densa na voz da bichinha. Se Chico soubesse, poderia até se apaixonar... Vai saber.
Suspirou... Ai, ai, não queria voltar pra casa. Ia fazer o quê? Escrever essa espécie de crônica? Melhor seria se... Mas enfim. Infelizmente o calçadão começa e acaba. E no meio, ela voltava. Resolvi me despedir ouvindo mais um pouco do Lupicínio. Quase chorou... Lembrou que tava nos dias vermelhos de fúria. Eita, como era difícil, às vezes, se entender em meio a tanta informação. Vamos lá. Sigamos. Assim ela pensava. Porque uns dão importância para coisas que nem passam pela cabeça de outros. Mas é justamente isso que! Vento, obrigada, você acarinhou minha noite. E um beijo, Copacabana. Vou voltar para mais uma de suas janelas indiscretas e terminar a peça que ta me remoendo por dentro, porque a obrigação é a porta para a transgressão.
Voltou pra casa com leve sorriso nos lábios, mas que nem percebeu, porque pensava em outra coisa. Seu doce porteiro carregou a Babi, essa sim, bem felizinha com o passeio.
domingo, 20 de abril de 2014
Porque tudo afeta
E se não afeta é um
grande problema
É uma existência roubada
e burra
E esse papéis sociais
deviam ser rasgados imediatamente
E todos nós curados de tudo
que já aprendemos
E todos nós virando bebês e reinventando a vida
Pra não pirar com as revistas e jornais
Não nos deixar invadirem nossos
corações puros e nos mancharem a alma
Basta um pouquinho pra sair do eixo
O pouquinho que é o mesmo que tanto e tanto basta para morrer de paixão
Morrer que é o mesmo que
viver
Que pra viver nada basta
E a cada coisa que eu
olho agora, sinto vontade de comer
Pra tudo fazer parte de mim, dentro de mim,
E minha pele ser feita de Mundo
E assim transmutarei eternamente
E que belas são as descobertas!
sexta-feira, 18 de abril de 2014
quarta-feira, 16 de abril de 2014
sábado, 12 de abril de 2014
quarta-feira, 9 de abril de 2014
segunda-feira, 7 de abril de 2014
Poderia eu também dar defeito
Deixar a angustia predominar
Mas não posso, senhor
Quem me seguraria lá embaixo?
E no medo maior da solidão
Me entupo de coisas e afazeres
Um dose de culpa
Que segura a onda da insanidade
Do desejo íntimo de andarilhar sem rumo
E ser só poeta
E ser só ficção
Só história
Oh, história!
Para ser mais que de mim
Há de ser prático e ter o pé no chão
A angustia do artista
É ter que negociar para ser artista
Mas não há outra saída
A vida não dá colher de chá
No reino animal vence o mais forte
E estamos todos em busca do leão.
Então, senhor, não me deixe dar defeito
Não posso agora
É só por um instante que a luz enfraquece
É só um por instante
Não é questão de ter religião
Mas fé.
Tem um monte de portas invisíveis por aí
É só entrar
Entra!
E calma!
Deixar a angustia predominar
Mas não posso, senhor
Quem me seguraria lá embaixo?
E no medo maior da solidão
Me entupo de coisas e afazeres
Um dose de culpa
Que segura a onda da insanidade
Do desejo íntimo de andarilhar sem rumo
E ser só poeta
E ser só ficção
Só história
Oh, história!
Para ser mais que de mim
Há de ser prático e ter o pé no chão
A angustia do artista
É ter que negociar para ser artista
Mas não há outra saída
A vida não dá colher de chá
No reino animal vence o mais forte
E estamos todos em busca do leão.
Então, senhor, não me deixe dar defeito
Não posso agora
É só por um instante que a luz enfraquece
É só um por instante
Não é questão de ter religião
Mas fé.
Tem um monte de portas invisíveis por aí
É só entrar
Entra!
E calma!
domingo, 6 de abril de 2014
domingo
Sobretudo ser já é esperar algo
Ainda mais em dia de Domingo
Silêncio martírio
Lá fora famílias desesperadas pela obrigatória diversão
E eu aqui na janela a tentar
Em acalmar o pensamento
As flores ao lado do computador
Me convidam pra sair, me dizem, vai passear!
Mas o dever não tem feriado
O ar de hoje está bom
Não há tucanos na árvore
Mas o ar está bom
Quebro o silêncio com a música do Keith
O eterno piano dedicado à sua amada
É lindo. E o céu fica até mais azul
Lembro que hoje é dia de tapioca na feira
Me transporto pra Glória
Que bom que a feira sempre volta.
A gente é que nem sempre.
Queria que o tempo congelasse
Pra daqui olhar pra ele
Sem pontadas de angustia
Serenamente sorrir
E não ter medo
De sentir o que há por dentro
Ou me atropelar.
quarta-feira, 2 de abril de 2014
Taquarussez
É o que ele fala
O guardião de um portal
Para outros, um caminho
Que leva ao rio,
À esperada queda das águas.
Mas é tudo dele.
O tempo é dele
Todo ele.
E fala solto
Sua própria língua
Sorriso de olhos puxados
Ali.
Cidadezinha
Inha
Distrito.
Verde.
"ui ô é da do om a aoei
e a ed-ra aa ão aí"
Tempo
Os que se assustam
Dizem sim
E vão, num pé só
Para o caminho.
Os que olham de verdade
De verdade.
Os que olham pra ele
Agradecem
Respeitam
O tempo é dele
E passam
Pelo portal.
terça-feira, 1 de abril de 2014
O tempo é mistério
E quando passa pelo nó atado em laços fortes
Acorda a dor que causa o nó
Faz tudo gritar por dentro
O que por fora se maquiou.
O que por fora se maquiou
Se desmancha na água
Quando a memória fala
E o coração se faz presente
E o coração se faz presente
No instante em que a lágrima brota
Cai no chão, germina
Após um rio revolto, acalma
Desata um laço do nó passo a passo.
Desata um laço do nó passo a passo
Não é de uma vez que o vôo é livre
Não é de uma vez.
Mas voa. Livre.
Mas voa. Livre.
O tempo é mistério.
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