segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Lumiar




que aceitar perder para não se machucar
pode ser bom até o sol se levantar
e quando descer vou raiar, vou renascer
e retomar a força nas montanhas em Lumiar
e retomar as forças lá no alto  do meu olhar
onde a lua brilha para quem quer se espelhar
onde o tempo passa sem saber que passará
e agora eu vou embora
para nunca mais a mesma voltar


cantarei nas águas pra se ir, pra me deixar
pisar entre as pedras e me levar
entre o fluxo do rio até o mar
entre os ventos nas folhas pra me soltar
voar para longe, fazendo a memória mais leve
e que tudo possa se renovar


Quando o choro cai germina a terra
terra que saberei onde pisar
para novos passos me fazer recomeçar
para novos passos serem passos de dança
e eu voltar a sorrir
e eu voltar a amar




quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Ao lado dele ela reflete toda a sua vida. Como ser leve na estação? Quando escolhemos parar e ficar. E como ficar? E ela chorava porm não conseguir ser o que quer, ser o que é, por pura covardia. Por não se calar para não sofrer. Mas sofrer é também o silêncio. Então sai para a janela da sala, onde vê as estrelas.

Ó estrelas dai-me uma resposta! Uma que me conforte e que estejam todas as soluções. As estrelas estão ali vendo tudo tanto tempo. Mas ela tem medo das respostas. Porque não está preparada para encarar. Mas quando estamos?

E deita na rede para lembrar de outras dores. E como não se repetir. Como dizer as coisas na medida? Como se faz para parar na estação e lá ficar? Como nadar no fundo desse oceano? Enquanto isso ele dorme ileso.  Nunca saberá do todo que é ela.

E tudo o que queria era que seu sorriso comparado com um bater asas de borboletas, fosse mesmo um voo. Porque é mais intensa que pode. E mesmo que foge, é impossível escapar.
Volta para a cama, fecha os olhos, mas... E gostaria muito que ele acordasse. E gostaria muito que ele a visse de lado, costa nua e a acariciasse na calada da madrugada.

Quanta água existe entre dois oceanos? Porque lidar com suas questões é abrir uma porta de medos dentro de seu coração. Entende que só somos movidos por afetos. E somos capazes de inventa-lo em rios escassos para nos iludir de amor.


Desiste e bebe água. Tenta fazer o máximo de barulho possível para ele acordar. E como alguém pode dormir pesado ao lado de uma mulher inquieta? E se sente muito disponível para ele. Isso a torna pequena. Mas não consegue agir diferente, porque espera a melhor hora para dar fim ao silencio. Com todas as implicações que a comunicação tem.

E tudo o que ela queria ouvir era o "não". Você Não tem razão. Você Não vai sair por essa porta. Você Não é responsável por isso. Não é você.  Não é verdade que eu não te quero. Não!

Em busca de um "não" ela tentou todos os "sim".
Que para viver o presente é preciso desapegar do passado e só assim teremos futuro.

E enquanto eu espero uma reviravolta, se é que ela virá, escuto, escuto, escuto música, pianos, o que me faz acalmar.

Nessa história queria ser eu também escritora e mudar todos os perfis de personagens.
 E precisou ouvir palavras deles. Palavras tão cruéis, precisou ouvir para ter certeza que não estava sofrendo por ilusão. precisou ouvir para entender que não estava insana. E demora para aceitar as palavras. Resiste. Encontra desculpas para ele. Encontra desculpas para ela. Mas as palavras foram tão cruéis, porrada invisível, dores reais, reverberam no corpo ao longo dos dias, a cada segundo. Um dia vai passar, junto com a saudade. Ou não.

Se isso fosse uma ficção, escreveria um lindo final, uma grande virada, com todas as carruagens e sinos e céu estrelado com uma lua de fazer chorar.

Ele bateria em sua porta e se abriria como nunca, e mostraria sua alma
e ela retribuiria com o todo que ela é...

se fosse ficção... ela nem estaria escrevendo essas palavras...

E agora sinto medo de chegar em casa.  A conhecida sensação do peito apertado, o coração agressivo.
E o choro...
 A vontade de voltar atrás... O arrependimento de um ato que era pura lealdade
E a pergunta da dúvida.

E o medo se  espalha do rio pro mar.
Eu chego no limite, ligo querendo receber resposta, sabendo que ela não virá.

Mais uma vez... Sou eu... Sou eu? Sou.