sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

NASCI UM BUFÃO


Em tempos de muitas certezas,  

Em tempos de regras ao ar

Tem vezes que tudo se perde, se pira, se solta

Momento de descontrolar.


Em tempos de ouvir te dizerem

A melhor conduta pra se portar

Tentei triste e sozinha

Um jeito, em vão, de me adaptar


Nem sempre é o certo o que faço

Mas certo nem sempre é o bom

E se implicam com meu jeito entortado

Melhor ter nariz de palhaço.



Vou andar pelas ruas empestadas

Comemorando a imperfeição

Meu nome não é mais “Desculpas”

Agora me chamo Bufão



Já tenho alguns anos de vida

E ainda preciso nascer

Crescer me olhando de fato

Para o mundo de fato me ver.

.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

ISSO FOI APENAS UMA CENA CURTA

(O casal está em harmonia. Constantemente se olham amigavelmente fazendo gestos de cordialidade. No silêncio, são extremamente gentis um com outro. Bebem vinho)
Regina: Eu fico muto feliz que a gente tenha conseguido finalmente chegar a essa harmonia.
Luíz: Eu também.
Regina: Mais vinho?
Luíz: Um pouco.
(ela o serve)
Regina: É muito bom concordarmos um com o outro dessa forma.
Luíz: Muito bom.
Regina: Sem ser como esses casais.
Luíz: Sem ser como todos os casais que passam por isso.
Regina: Todos, menos nós.
Luíz: Então, quase todos.
Regina: Isso. Quase todos.
Luíz: Mais vinho?
Regina: Um pouco.
(ele a serve)
Regina: (respira fundo) Hm... como é bom...
Luíz: O quê?
Regina: Respirar. Já parou para pensar nisso? Como é bom respirar.
(ele respira fundo)
Luíz: Realmente é muito bom. Respirar.
(os dois respiram)
Luíz: Nós estamos respirando.
Regina: Sim, finalmente. Estamos respirando. Mais vinho?
Luíz: Um pouco.
(ela o serve)
Regina: Sabe? Eu estou realmente feliz.
Luíz: Feliz?
Regina: Sim. Em poder passar por isso desse jeito.
Luíz: Você quer dizer, leve.
Regina: Pode ser. Leve. Você se sente leve?
Luíz: Como uma pena. Mais vinho?
Regina: Um pouco. (ele a serve)
Regina: Como uma pena. Gostei. Nós somos diferentes.
Luíz: Ainda bem.
Regina: Eu sinto que somos uma espécie de evolução social.
Luíz: Você sente?
Regina: Você não?
Luíz: Pode ser. Talvez vez você esteja querendo dizer que não fazemos parte das porcentagens.

Regina: Isso. Das cotas.
Luíz: Status quo.
Regina: Estatísticas.
Luíz: Não mesmo.
Regina: Não. Mais vinho?
Luíz: Um pouco.
(ela o serve)
Regina: Não mesmo.
Luíz: Não. Mais vinho?
Regina: Um pouco.
(ele a serve)
Regina: Como é bom ter paz quando o momento pede guerra.
Luíz: Gostei.
Regina: Do quê?
Luíz: Dessa frase. Como é bom ter paz quando o momento pede guerra. Parece nome de peça.
Regina: Peça?
Luíz: Peça curta. Cena.
Regina: Tipo esquete?
Luíz: Isso, esquete. Cena curta.
Regina: Como se isso fosse uma cena?
Luiz: Não, não! Não que estejamos fazendo uma cena.
Regina: Não, imagina. Mais vinho?
Luíz: Um pouco.
(ela o serve)
Luíz: Não se deve fazer cena quando o momento é a própria dose de realidade. Aí, mais um nome. Mais vinho?
Regina: Um pouco.
(ele a serve. Tempo de silêncio)
Luíz: Nossa última refeição.
Regina: O último vinho juntos.
Luíz: Um brinde aos últimos momentos.
(brindam. Bebem mais. silêncio)
Regina: O último momento... Quem disse isso?
  Luíz: Vamos apreciá-lo devagar.
(silêncio)
Regina: Mais nada a dizer.
Luíz: Nada.
Regina: É bom assim.
Luíz: É bom.
Regina: Ótimo.
Luíz: Excelente.
Regina: Magnífico
Luíz: Estupendo.
Regina: Incrível.
Luíz: Gratificante.
(tempo. Ela bebe)
Regina: Gratificante por quê?
Luíz: Não sei... Gratificante. Mais vinho?
(silêncio)
Luíz: Mais vinho?
Regina: (tempo) Explica.
Luíz: O quê?
Regina: O gratificante. O que é gratificante?
Luíz: Gratificante? Sei lá... foi só uma expressão, um modo de dizer.
Regina: Desenvolva.
Luíz: Oi?
Regina: Desenvolva.
Luíz: Cuidado para não entrarmos no status quo...
Regina: Desenvolva.
Luíz: As estatísticas.
Regina: Desenvolva.
Luíz: A gente tava indo tão bem.
Regina: Desenvolva.
Luíz: Estávamos conseguido, meu bem, não perca o foco.
Regina: De-sen-vol-va.
Luíz: A gente tava concordando com tudo, Regina, não estraga.
Regina: Tudo bem. Eu não vou estragar. Um pouco. (Ele a serve. tempo) Eu só não concordo que a gente concorde dessa maneira.
Luíz: Que maneira?
Regina: O que você quis dizer com gratificante?
Luíz: Eu não quis dizer nada com gratificante. Eu poderia nem ter dito gratificante.
Regina: Mas você disse !
Luíz: Eu disse que nós somos uma evolução social.
Regina: Você não disse isso. Eu disse isso.
Luíz: Cadê a evolução? Os evoluídos não discutem por causa de uma palavrinha.
Regina: Mas não é uma palavrinha qualquer. Você disse gratificante.
Luíz: E?
Regina: Para tudo tem um limite.
Luíz: Para tudo tem seu momento.
Regina: Cala a boca. Gratificante o quê? Se separar de mim é gratificante? Você poderia ao menos ser um pouco mais educado.
Luíz: Eu nem pensei no que falei.
Regina: Mas falou.
Luíz: Eu poderia ter dito por exemplo, dignificante.
Regina: Mas não falou! Mais vinho?
Luíz: Eu sabia que não ia dar certo. Não conseguiríamos. Até concordando a gente briga. Uma merda essa história de leveza, de diferentes. Diferentes o caralho. Não há casal que se separe que consiga sair do padrão. Putz, outro nome para esquete. Um pouco.
(ela o serve)
Regina: Você adora se sair de vítima, quando você é que sempre estraga tudo. Gratificante digo eu!

Luíz: Você parou de respirar.
Regina: Gratificante se separar, né? Depois de tudo o que fiz por você. Depois de todos esses anos de merda que eu perdi com você.
Luíz: Não esquece da yoga, Regina. Respira e solta. Lembra?
Regina: Cala a boca, Luiz.
Luíz; Amanhã você não me verá mais. Ainda dá tempo para recuperar todos esses anos perdidos de merda.
Regina: Não foi isso o que eu quis dizer!
Luíz: Mas disse!
(tempo)
Regina: Isso não devia estar acontecendo.
Luíz: A gente se separar?
Regina: Não! Esses insultos. Por que, para se separar, é preciso haver insultos?
Luíz: Estamos expurgando nossas frustrações. Às vezes é preciso expurgar as frustrações.
Regina: Mas tínhamos combinado que não deixaríamos isso acontecer.
Luíz: Isso foi antes do vinho. Mais vinho?
Regina: Um pouco.
(ele a serve)
Luíz: E se mudássemos de assunto?
Regina: Tipo o quê?
(tempo)
Luíz: Sabia que os casos mais graves de acne aumentam o risco de suicídio?
Regina: E daí?
Luíz: E daí, que o nosso filho é um adolescente.
Regina: E daí?
Luíz: E daí que ele tem acnes.
Regina: E daí?
Luíz: Isso não te preocupa?
Regina: Nosso filho não vai morrer.
Luíz: Nunca se sabe. Os tempos de hoje...
Regina: Por que gratificante?
Luíz: Caralho! Você não desiste!
Regina: Por quê? Por quê? Por quê?
Luíz: Por que não falamos das acnes? Saiu no jornal, então deve ser importante. Temos um filho adolescente.
Regina: Foda-se as acnes. Foda-se o nosso filho. Estamos falando da nossa separação. Dos anos lindos e bostas juntos que vão ser rompidos, dos nosso corpos que serão afastados, da nossa alma rasgada, um corte na nossa história. Será que você não entende? Você poderia ter dito tudo, tudo Luíz. Tudo, menos gratificante. Mais vinho?
Luíz: Um pouco! (ela o serve. tempo)Vamos acabar com isso agora.
Regina: Não! Vamos acabar com isso agora!
Luíz: Não! Vamos acabar com isso agora!
Regina: Não! Vamos acabar com isso agora!
Luíz: Não! Vamos acabar com isso agora!
Regina: Não! Vamos acabar com isso agora!
Luíz: Se estamos concordando, por que estamos brigando?!
Regina: Estamos expurgando nossas frustrações. Foda- se as estatísticas. É preciso expurgar as frustrações.
Luíz: Outro nome bom. Olha quanto nome bom daria para uma cena curta!
Regina: Foda-se os nomes! Você está com ideia fixa em nomes!
Luíz: E você está com ideia fixa em gratificante!
Regina e Luíz: Mais vinho?
Regina e Luiz: Um pouco.
(eles se servem. tempo)
Luíz: Desculpa. Eu não queria dizer gratificante.
Regina: Desculpa, eu não queria me tornar o que eu me tornei.
Luíz: Desculpa, eu não queria te fazer se tornar o que você se tornou.
Regina: Desculpa, eu não queria te fazer me fazer eu me tornar o que eu me tornei
  Luíz: Desculpa, eu não queria me separar de você. (tempo)
Regina: Não?
(tempo)
Luíz: Mais vinho?
Regina: Não? (tempo) Um pouco.
Luíz: Desculpa, acabou.
Regina: Eu sei.
  Luíz: O vinho.
Regina: Oi?
Luíz: O vinho acabou.
Regina: O vinho. (tempo) E agora, o que fazemos?
Luíz: E se mudássemos de assunto?
  Regina: Mudar de assunto? É isso? Então, tá bom. Se é isso. Vamos mudar de assunto.
Luíz: Tem certeza que não quer falar das acnes? Eu acho mesmo um assunto importante. Temos um filho adolescente.
Regina: Por que você quer tanto falar das acnes?
Luíz: Porque amanhã eu vou embora e não conversaremos mais sobre trivialidades.
Regina: Você tem mesmo que ir embora amanhã? (tempo. Ele não responde) Mais vinho? Ah! Esqueci. Acabou.
Luíz: É. Acabou.
Regina: O vinho.
Luíz: É. O vinho acabou.
(tempo)
Regina: Acabou.
Luíz: Acabou.
Regina: (respira) Então tá...
Luíz: (respira) Então tá...
Regina: Voltamos à cordialidade. Isso foi apenas uma cena curta.
Luíz: Isso não foi apenas uma cena curta.
Regina: Sim, isso foi. Mas vamos acabar com ela.
Luíz: Como?
Regina: Me fale das acnes.

FIM

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Adiante


É com você que quero errar para aprender

E assim me reconhecer nos conhecendo mais além


É com você que quero compartilhar a nossa força

E a vontade de construir, de evoluir, de melhorar


É com você que vou sofrer depois sorrir

Que vou chorar depois cantar de alegria


É com você que vou ser eu, o melhor de mim

E sendo assim, serás também


E quando houver desconexão

Vamos nos ouvir, prestar atenção, nos dar as mãos e prosseguir


É com você que vou valorizar o quanto é bom estar com alguém que faz o amor amar.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

JORNADA

Quero ser uma mulher tão forte e leve,

Que sempre recomeça quando algo pode declinar.

Vou chegar pelo mar navegando em silêncio e palavras,

Pois o tempo sempre deixa um espaço para colocar as coisas no lugar.


Vou na direção da paz

E saber ouvir os anjos espirituais,

Os anos só existem para nos ajudar nas respostas.


Se faltar carinho, vou desenhar com as mãos.

Se faltar olhar, vou respirar.

Se faltar calor, vou caminhar.

E o destino nunca vai me deixar na solidão.


Quero cultivar delicadeza.

E faze-la imperar em meu ser.

Declamar pelos cantos

A poesia no ato de viver.


Desejar amor.

Não vou mais me machucar.

Pois o que sou agora é o que realmente importa.




Dedicado à amiga Clara Linhart que me ajudou a enxergar

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Um dia estranho



Copacabana, todo dia, dia a dia é sempre igual:  

Obras, carros, apitos, sinais, alarmes, tiros, confusão

É ela, espremida, invadida, poluída, populada

Que se não fosse a praia, a orla, a brisa desviada

Entre prédios acimentados, empilhados lado a lado, colados sem permissão

Já estaria saturada, morta, apodrecida, ferida sem saída.


De repente, um silêncio degradante, ao longe o rádio do vizinho, ou da vila lá de trás.

Vez em quando um latido, alguns pequenos barulhinhos,

Poucos carros, pessoa lentas na calçadas, até o som de passarinhos

Assim, quase triste, sem sentido, um dia estranho e perturbador,

Um mercado aberto lotado, um jornaleiro fechado, sinais parados.


Então entendi. Era um feriado.






quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O CORPO E A ALMA


Meu corpo mora em um lugar onde o tempo é vento

Como nos clipes musicais

Todo instante, novo movimento

O coração batendo rápido

E em cada segundo já passou milhares de acontecimentos



Minha alma mora em um lugar onde o tempo é lento

Como nos contos de Guimarães e Gabriel

Todo pássaro traz um momento

O coração batendo calmo

E cada segundo é sempre um grande acontecimento.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

MILAGRE

Às vezes recebemos presentes raros,
Em horas não marcadas, em dias não combinados,
Que abalam nossos falsos apoios em verdades pré-estabelicidas,
Desbancando os planejamentos que fazemos para alguma coisa qualquer,
Que nos fazem sentir no controle de sei lá o quê.

Mas a beleza pode estar presente aí:
No caminho obscuro que se ilumina aos poucos.
Nunca saberemos de tudo. Nunca mesmo.
Quem acha que sim, sofrerá até o fim.


O tempo prático luta com o cosmos subjetivo.
O amor se apodera intrinsecamente dos poros
Sem pedir permissão.
E quando nos vemos ,
Estamos tomados,
Estamos amando,
E sendo amados.


Existe sim um lugar além do que não se pode ver.
Que não é pra ser longe,
Tá mais pra ser dentro.
Talvez é lá que fica a alma,
Que nos enlaça em abraços
E nos explica o que ela quer de verdade.
E, entendendo-a, não há nada mais o que temer.

De alguma forma vamos um dia aplaudir o destino
Como quem aplaude o belo músico ao piano
E aprende a receber
Os milagres.


Para meu grande amigo F.C





quarta-feira, 24 de agosto de 2011

A PRIMEIRA VEZ QUE ELA DISSE "EU TE AMO"


Cris: Olha Pedro, melhor a gente não avançar com essa história.
Pedro: É?

Cris: Eu já tô vendo que não vai dar certo.

Pedro: É?

Cris: É. Não vai dar certo, a gente é muito diferente.

Pedro: É?

Cris: Você não vê isso? É tão claro, é tão óbvio.

Pedro: É?

Cris: Claro, evidente, óbvio.

Pedro: É?

Cris: Pra começar você é um cara da noite. Adora ficar horas em um bar bebendo sem hora pra sair, depois vagar pelas ruas desertas da cidade, sem nenhum medo. Eu não. Eu sou do dia. Não bebo, adoro acordar cedo, ver o sol, passear, entende? Isso pode ser um problema nas nossas vidas, você não acha?

Pedro: É?

Cris: Você fala tudo o que pensa, não tem papas na língua. Eu não. Eu me preocupo com o que vou dizer. Eu acho que a gente deve ter cuidado com as palavras. Acho mesmo. Isso pode ser um problema nas nossas vidas, você não acha?

Pedro: É?

Cris: E tem uma coisa importante. Você morre de medo de elevador. Eu moro no décimo andar! E agora? Como a gente vai fazer? Isso vai ser um problemas nas nossas vidas, você não acha?

Pedro: É?

Cris: Você, Pedro, é formado em filosofia. Filosofia , entende? É muito cabeça pra mim. Tudo bem que estudo letras. Mas é diferente. As minhas histórias são diferentes de seus discursos, entende?
Isso pode ser um problema nas nossas vidas, você não acha?

Pedro: É?

Cris: Ah! Tem outra coisa muito importante. Muito mesmo. Eu sei que você é louco pelo mar, eu sei que seu sonho é ter uma casa em frente à praia. Mas e a minha casinha nas montanhas. Estrategicamente perto das cachoeiras. Cachoeiras, tá entendendo? Você ama o mar e eu tenho uma casinha nas montanhas. Isso pode ser um problema nas nossas vidas, você não acha?

Pedro: É?

Cris: agora, isso é muito sério. Você foi ca-sa-do! Você teve uma esposa, uma mulher, que morou com você por um tempo. E eu só tive namorados. São experiências muito diferentes, entende? Isso pode ser um problema nas nossas vidas, você não acha?

Pedro: É?

Cris: E para completar, você tem uma vida muito mais tranquila que a minha. Eu até te invejo o jeito que você leva a vida. Você medita, isso é incrível. Eu invejo pessoas que meditam. Porque eu eu, eu Pedro, não tenho tempo pra nada. Entendeu isso? Minha vida é frenética, eu estudo, trabalho, trabalho e estudo. E não consigo ficar sem fazer nada por menos de cinco minutos. Sou frenética, frenética, frenética! Isso pode ser um problema nas nossas vidas, você não acha?

Pedro: É?

(tempo. Cris com pesar)

Cris: É.

(silencio)

Pedro: É. (Tempo) Eu entendo você.

Cris: (decepcionada) É?

Pedro: Eu entendo a sua preocupação.

Cris: É?

Pedro: Eu também andei pensando sobre a gente. Sobre tudo isso aí que você falou.

Cris: É?

Pedro: Em como pode ser legal, eu acordar mais cedo pra você me levar para fazer um monte de passeios durante o dia e eu te mostrar como a cidade pode ser linda de noite, entre bares, músicas, e gente de todos os tipos.

Cris: É?

Pedro: Eu adoraria aprender a ter a sua delicadeza. Pra deixar meu modo de falar com as pessoas mais sofisticado, mas cuidadoso, como você mesma diz. Eu me espelharia em você, e você poderia aprender comigo a falar mais o que sente, o que pensa com os outros. Não deixarem as pessoas se aproveitarem da sua delicadeza e saber se colocar mais.

Cris: É?

Pedro: E é verdade. Eu morro de medo de elevador. Não sei o que acontece comigo. Só de pensar começa a dar brotoeja. Deve ser algum trauma de infância , sei lá. Mas só de saber que dez andares dentro daquela caixa pequena, significam você abrir a porta do seu apartamento pra mim e a gente passar uma noite maravilhosa juntos, eu encaro meu medo. (ri) O meu medo vira fichinha. Nada pode ser tão melhor que pegar o elevador pra te ver.

Cris: É?

Pedro: Eu adoro ficar filosofando pra você, aos quatro cantos e a gente conversar até não poder mais. E eu fico louco de alegria ao ver seus olhinhos brilhando quando você me conta uma história, um conto que você tá lendo, sua paixão pelas histórias, pelo ser humano. Meu discurso te inspira, suas histórias me apaixonam.

Cris : É?


Pedro: E fiquei pensando de eu te levar pra conhecer a melhores praias desse país, numa viagem linda pelo litoral, e você poderia me mostrar a serra. Eu adoraria conhecer sua casinha, deitados na rede comendo fruta fresca e nadando no rio.

Cris: É?

Pedro: E eu não cometeria os mesmo erros que cometi no casamento com você. Porque se tem uma coisa importante que aconteceu, é que eu pude me conhecer melhor, e isso pra mim é fundamental para construir uma relação. Eu tenho certeza que você deve ter crescido muito nos seus relacionamentos. Essa união de experiencia ia fazer da gente um casal incrível.

Cris: É?

Pedro: E eu acho o máximo essa sua dedicação frenética aos seus projetos pessoais, aos seus empreendimentos. Isso me ajuda com os meus projetos que também quero realizar. Eu poderia te ensinar a meditar pra te ajudar a ficar menos ansiosa. A gente poderia se dar bem nisso.

Cris: É?

Pedro: É. (tempo) Mas eu entendo que isso pode ser só uma idealização minha. Eu entendo o que você falou, o seu medo. E te respeito e não quero ser um problema na sua vida. Como você mesma disse, nossas diferenças são claras, óbvias e evidentes.

Cris: É?

Pedro: Bom, então eu acho melhor eu ir, né? É melhor, eu acho... (tempo) É... Então... Tchau.

(ele vai saindo)

Cris: Pedro!

(ele se vira pra ela)

Cris: Eu te amo.

FIM



quinta-feira, 18 de agosto de 2011

SEM DESPEDIDAS


Todo amor perdido    
é feito de abismos,
um diálogo inacabado.

É produto de um vazio,
uma falta inexplicável,
que só o tempo é capaz de transformar.

Será que depois de tantas voltas,
é possível reencontrar a fonte dos sonhos,
deixada pra trás?

Ou perceber um jeito
de olhar pra frente
sem que a ferida interfira no passo?


Pois a pior partida
é a sem despedidas.
É quando a morte chega
mesmo sem morrer.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

FRANCISCO E O MUNDO

Estréia amanhã!13/108/2011





FRANCISCO E O MUNDO
um espetáculo da Companhia Teatro de Nós
sábados e domingos, às 18:30h
de 13 de agosto a 25 de setembro
Centro de Referência Cultura Infância Teatro Municipal do Jockey
ingresso: R$ 20,00 (inteira)
classificação: livre
acessibilidade – sessões com intérpretes de Libras e audiodescrição
Intérpretes de Libras nos dias: 13/08 (Sáb.), 21/08 (Dom.), 27/08 (Sáb.), 04/09 (Dom.), 10/09 (Sáb.), 18/09 (Dom.) e 24/09 (Sáb.).
Audiodescrição nos dias: 27/08 (sáb.) e 18/09 (dom.).
Para mais informações, visite: www.teatrodenos.com

FICHA TÉCNICA
idealização do projeto e argumento: Diego Molina, Paulo Giardini e Renata Mizrahi
texto: Renata Mizrahi
direção: Diego Molina
produção: Maria Alice Silvério Lima
elenco: Alexandre Barros, João Vithor Oliveira, Marcia Brasil, Marino Rocha e Paulo Giardini
standin: Bruno Chaves
vozes em off: Eliane Giardini, Paulo Betti e Isadora Medella
cenário: Ana Machado / com colaboração de Aurora dos Campos
projeções cenográficas: André Rumjanek
figurino e visagismo: Bruno Perlatto
iluminação: Anderson Ratto
trilha sonora original e direção musical: Isadora Medella
direção de movimento e preparação corporal: Juliana Medella
design gráfico e ilustrações: Letícia Rumjanek
fotos: Pimenteira Laboratório de Ideias
assessoria de imprensa: Armazém Comunicação
intérprete de Libras: Jadson Abraāo e Davi do Rosário – JDL Acessibilidade na Comunicação
audiodescrição: Nara Monteiro – Cinema Falado
assistência de direção: Alexandre Barros
assistência de figurinos: Stefânia Ferreira
assistência de produção: Valéria Alves
cenotécnica Maranhão e equipe
costureiras: Márcia Jackson (figurinos) e Rosângela Lapas (cenário)
produção e realização: Companhia Teatro de Nós


domingo, 7 de agosto de 2011

DECLARAÇÃO DE AMOR E DESEJO

Eu quero ser a fonte dos novos sonhos
E poder correr livre sem olhar pra trás
A dor que me transformou, vou deixar no caminho
Pra permitir que o novo amor possa chegar com toda merecida honraria


Eu quero estar de olhos abertos bem atentos a tudo o que é novo
E aceitá-lo como um presente da vida
Que vou recompensar com toda a minha delicadeza
Cuidando daquilo que me faz feliz


Eu quero ser melhor e maior que tudo o que já fui
Para assumir as novas escolhas
E não ter medo de me soltar no vento
Que me leva par um novo lar


Eu já sinto a veia vibrar novamente
E ouço o corpo falar
A troca mais perfeita
É o desejo de estar junto sem se preocupar.

Para F. L. L.

domingo, 31 de julho de 2011

MÍNIMO PENSAMENTO PARA UM DOMINGO

O tempo é raro e não dá espaço para o temer

Quero estar onde estão os sonhos desse novo lugar que construo

Como um trem, que anda veloz pelo caminho misterioso



Mesmo sem saber o que virá

Eu posso ir além da curva

Sem sentir pavor ou pesar



Vou descartar muita coisa no caminho

Sem me culpar

Porque isso também é parte do avançar

domingo, 24 de julho de 2011

DOIS

(UM)
Ele é noite,
Ela é dia
Ele é etílico
Ela é chocólatra
Ele é o excretor
Ela é a poetiza
Ele fala tudo o que pensa
Ela é relações pública
Ele não tem medo da boemia
Ela não tem medo de elevador
Ele ia de fusca para a Macumba
Ela ia de monza para o Pepê
Ele não completou Filosofia
Ela não completou História
Ele quer ter uma casa no mar
Ela tem uma casa nas montanhas
Ele morou fora
Ela nunca saiu da cidade
Ele teve uma esposa
Ela teve namorados
Ele leva a vida tranquila
Ela não tem tempo pra nada
Ele quer construir um amor
Ela quer construir um amor
E ele quer que seja com ela
E ela quer que seja com ele
Mesmo assim
ou

(DOIS)
Ele quer aproveitar com ela o dia
Ela quer descobrir com ele a noite
Ele quer ser mais saudável
Ela também
Ele aprende com ela a delicadeza
Ela aprende com ele a mostrar seu lado obscuro
Ele quer medir mais suas palavras como ela
Ela procura dizer o que pensa como ele
Ele quer pegar o elevador até décimo andar para vê-la
Ela quer andar à noite pela boemia de mãso dadas
Ele gosta de ter ido de fusca pra Macumba
Ela ama a sua infância na praia do Pepê
Ele adora filosofar para ela
Ela é apaixonada pelas histórias que conta para ele
Ele se conheceu melhor no casamento
Ela cresceu nos relacionamentos
Ele morou em muitos lugares
Ela quer conhecer esses lugares
Ele vai levá-la para a praia
Ela vai levá-lo para a serra
Ele quer se dedicar mais aos seus projetos
Ela quer ter mais tempo para passar com ele
Ele quer construir um amor
Ela quer construir um amor
E ele quer que seja com ela
E ela quer que seja com ele

Exatamente assim...

segunda-feira, 18 de julho de 2011

O PALHAÇO E A BAILARINA

A poesia é a síntese das palavras. É aquilo que o acaso imaginou. É o êxtase que faz do real a maravilha. É o impossível que já se realizou .

O palhaço encontrou a bailarina. E num instante o tumulto se esvaiu. Era como se o mundo fosse um pingo. E a solidão da folia sucumbiu.

O palhaço cumprimentou a bailarina. A bailarina pela primeira vez chorou. Não chorou por medo do palhaço. E sim porque finalmente alguém sorriu.

O palhaço não sorriu por estar bêbado. Muito menos por causa do batuque ensurdecedor. Se sorriu foi porque viu na bailarina, a beleza escondida atrás da dor.

Eles eram colegas de trabalho. Mas no trabalho nem diziam “oi”. A opressão do corporativismo rompe. E no carnaval sem perceber ela se foi.

Ele pede a mão da bailarina. Só queria dançar pelo salão. Já eram mais de cinco da matina. O clareza dispensava a escuridão.

A bailarina já não tinha sapatilha. Eram apenas pequenos pés no chão. Mesmo assim rodopiou feito Ana Botafogo. E o palhaço não soltava a sua mão.

Eram apenas colegas de trabalho. Mas agora eram homem e mulher. O palhaço a bailarina dançam. Ele se chamava Paulo e ela se chamava Ester.

O momento transforma tudo em eternidade. E num instante o que não era transformou. O palhaço quis beijar a bailarina. E cautelosa por fim ela deixou.

Eles eram colegas de trabalho. Mas agora pertenciam ao carnaval. O palhaço e bailarina juntos. Eram como a lua completando o sol.

De repente a multidão invade. E o salão parecia explodir. O palhaço e bailarina correm. Quem sabe já não era hora de partir?

Eles param em frente ao horizonte. Rio de janeiro, praia, mar, calor. Quarta Feira de Cinzas vem surgindo. E com ela se consome o amor.

Amanhã é dia de trabalho. Quem sabe eles já se digam “olá”. Mas se não, o que importa é o hoje. O agora é que vai ficar.

Daqui a pouco eles vão se despedir. Esse momento deve acontecer. O palhaço e a bailarina juntos. Isso nunca iriam esquecer.


O palhaço amanhã é Paulo. A bailarina talvez seja Ester. E quem sabe nem se digam nada. Porque Paulo não sabe quem ela é.

Mas quando Paulo for palhaço. E Ester quem sabe bailarina. Dancem juntos por toda eternidade. Agora sim. Como homem e mulher.

FIM

quinta-feira, 14 de julho de 2011

TANTO QUERER

- Eu te quero!

- Eu não te quero agora!

-  Não?

-  Mentira, te quero agora.

-  Mas agora eu não!

- Por quê?

- Me dá a lua primeiro.

- Só tenho o sol.

- EU quero descanso de janeiro.

- Prefiro o caos do carnaval

- Eu quero ir embora.

- Eu te quero mal.

- Eu vou embora então.

- E eu te quero bem.

- Me solta.

- Eu te amo.

- Tanto tempo juntos

- Quanta harmonia.

- Adeus.

- E eu te quero sem fim.

- Mesmo eu querendo tudo?

- Até o que não há em mim.

(Se beijam.)

FIM







Namoradinhos


Só com você 

E é com você

Que eu gosto

De estar

E deixar crescer

A vontade de ver

De caminhar

Só para parar e beijar

E sorrir

E rir com os olhos

Vamos viajar

Vamos nos espalhar pelos cantos

Tomando um vinho

Redescobrindo a cidade

O Centro, Glória, Catete, Largo do Machado, Ipanema, Copacabana...

Passeando nas nossas histórias

No querer contar

No querer ser

A gente juntos

Passo a passo

Seguindo em um, seguindo em dois...


sábado, 2 de julho de 2011

ALMA

A alma do artista é uma pedra preciosa.
Já nasceu livre.
E quando presa, sofre.
Se domada, chora.
Sem espaço, morre.





segunda-feira, 27 de junho de 2011

Posso sofrer por amor, mas pelo menos eu sei que eu amei

Amo, porque respiro. Não sufoco. Respiro

A alma diz: " você veio nesse mundo para amar"

E eu digo: "é o que mais eu sei fazer.

Eu sei amar. é meu maior talento."

Amor por tudo, alegria. Amor pelo outro, construção.

Que bom. Posso não saber muitas coisas dessa vida, mas pelo menos isso eu entendi

Então se sofro por amor, não é sofrimento, é felicidade

Porque me faz sentir a vida de verdade

 Respiro, ele vem

O vento traz

E quando o vento certo chegar

Estarei pronta para mais

domingo, 26 de junho de 2011

A PRÓXIMA




Muitas vezes a gente se dá conta
Que há um livro em nossas vidas aberto em uma página que teima em não virar
Tudo bem , é mesmo preciso ler muitas vezes a mesma história
Pois alguma hora ela fará sentido e essa página vai ter que mudar
Mil desculpas às pessoas envolvidas, não é apego, é apenas uma lentidão em apreender
Se o tempo cronológico fosse lógico, certamente eu já saberia como esquecer
Ainda bem que há momentos como agora, como esse, em que a música toca lenta e faz refletir
E no meio de uma multidão sedenta por fortes sensações quem vem de um lugar inexplicável
Fico no pequeno mundo, no cantinho, escrevendo isso aqui
Eu já li essa página tantas vezes, cada letra, ponto e vírgula
Me pergunto o que ainda faço repetindo e repetindo na exaustão?
Deve ser por isso que ainda choro com a mesma passagem
Tentado entender o mais que entendido sem chegar a nenhuma conclusão
É preciso a sutileza de um segundo solto que faz um clique, um estalo, um abalo,um insight
Tá na hora de aceitar novas perguntas, conhecer outros parágrafos, além dela tem ainda muito mais.
Esse livro que é tão grande, e ainda nem chegou no meio, está aflito pra continuar
Estou farta da mesma história, ela tem que evoluir, então quando terminar de escrever essa memória
Suspirando, certamente e finalmente essa página...
Aaaaaaah!
Eu vou virar!



















sexta-feira, 17 de junho de 2011

quarta-feira, 15 de junho de 2011

São as músicas do Robeto Carlos que tocam todas ao mesmo tempo
é um querer que alguém seja parecido no metrô
é procurar na rua cheia de gente alguma pista
é chorar e sorrir ao lembrar de uma sensação não esquecida
é querer ver muito mesmo sabendo que nada pode acontecer
é ignorar que um outro amor já foi preenchido
é tentar encontrar desesperadamente um novo grande amor da vida

é se sentir um personagem de melodrama rasgado
é tentar fingir que a distância é só uma longa caminhada que tem hora pra acabar
é ser cafona, clichê, dramático, exagerado, emcionado sem se importar
é ouvir todas as canções de amor querendo ser o cantor só pra reconquistar
é não se preocupar em perder tempo ao deitar na cama e imaginar
é ter pena de si por uns segundo sabendo que imediatamente tudo pode mudar

saudade é dizer ainda te amo no silêncio, e no impedimento do silêncio... silenciar

quinta-feira, 9 de junho de 2011

A verdadeira rede






Ao virar ao se aproximar, viu do outro lado da rua um sorriso acenando.
E logo depois os braços que se abriram para um longo e confortável abraço.
Sua manhã se coloriu, e mesmo já sabendo tudo o que dizem sobre o sentido da existência, aquele momento confirmou ainda mais o quanto é bom viver nos detalhes dos olhos do outro.
O mundo é frio, já dizia o sábio, portanto é preciso acalentá-lo. Afinal, o que fica na lembrança e faz a alma explodir de alegria?
Naquela manhã de inverno, com o céu azul de querer parar tudo, lembrou como é bom  ter a rede. A verdadeira, a nossa, a que a gente escolhe a dedo para fazer dessa vida a melhor de todas.
Entre o sol, a rua, as pessoas e o café, eram os dois sendo felizes, compartilhando metáforas que os tornava cúmplices de algo maior. Suas almas agradeciam o encontro, agradeciam tudo, mais que tudo.
Na manhã, viram juntos todo amor transbordante que eram capazes de dar às pessoas que rodeavam suas vidas.
O que fica na lembrança e faz a alma explodir de alegria?
Saber que nunca estamos sozinhos, porque temos amigos.

Para Robby A.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

FIM DA SEMANA

Ah, essa noite que termina a semana
traz tantos pensamentos acumulados
para dar conta das tarefas
que nos impomos para fazer da vida mais emocionante

quantas impressões e ideias perdidas
todas incríveis e avassaladoras
E o fim do que nem começou é o mistério
traz um milhão de sensações
e muita angustia junto com uma certa dose de esperança
de que há algo sempre melhor
que nos está reservado
em algum canto esquecido do planeta

Eu já cansei de me repetir
mas por hora só tenho isso a dizer
trilhar caminhos incessantes
Escolher e não olhar pra trás
não é tarefa fácil nos dias
das cinco mil novidades a cada segundo

e a sensação da constante perda
quanta crueldade despejada no agora
quero estar distante, longe
no meio das montanhas de paz
mas a verdade é que não é isso de fato
quero estar no meio de um mone de gente
e nunca me entediar

sou o retrato mais clichê da minha geração
e mesmo assim me sinto desencaixado
no masculino sim
porque sou homem também
sou tudo o que eu quiser
no mundo que eu criei
para não me perder
nem pirar.

domingo, 29 de maio de 2011

TRISTEZA NA GERAÇÃO DA FELICIDADE

cada busca por pequenos acontecimentos
pequenos detalhes,
que dão algum sentido ao transbordamento da alma
alma que não se encaixa nos caminhos mecânicos do dia a dia
e o vazio se faz presente nos segundos que preenchem o tempo
e tudo ou muita coisa é sobre o nada
os mínimos estímulos que causam uma sensação um pouco diferente
são reverenciados e aclamados como os salvadores da existência

e a procura desencontrada do outro
que não está em nenhum lugar
e não se importa em não estar
gera a grande frustração
e talvez até alimenta o desejo e a esperança
de um dia, quem sabe,
encontrar algo que
acorde lá dentro
e queira assumir
o que se quer

por que tanta tentativas
e a procura pelo entendimento
se o momento é tão bom
mas é só isso
e é só

não esperemos mais nada
porque não é para esperar
tudo  flutuante
e tão pouco profundo
onde ficou a intensidade
o que fizeram com ela?
que tempos são hoje
que corrompeu tanto as sensações dos Homens
que não quer mais querer
e não se permite ser

o bom  tem prazo de validade
ultrapassar os limites
implica em perder o controle do sentimento
e isso hoje não pode
isso hoje não pode

temos que fingir
temos que esconder
temos que ocultar
temos que tampar
temos que oprimir
temos que silenciar

que tristeza
na geração da felicidade
da mídia
das fotos incríveis
do facebook bombástico
de gente alegre e vivaz

vou de novo calar meu coração
disfarçar o vazio
fazer parte do jogo
que ninguém sabe jogar

e é uma pena mesmo...




sexta-feira, 13 de maio de 2011

UMA DESSAS

Alternativos, cults, antenados, in, out,

young, cores, maquiagens, cabelos, vestidos, tênis, óculos, gel
a pouca luz e a música correndo solta no salão
a voz bonita que canta a poesia
é caetano, é tango
e a plateia alucinada canta
e o arrependimento da sensação de que falei demais com ele
pequei pelo excesso
mas assim sou eu, nervosa e descontrolada
e a guitarra alta enlouquecida
dói os ouvidos
por fora revolução
por dentro bossa nova
um pequeno deslize
e percebo a forte vocação
para ser mãe de marmanjos frustrados
a salvadora dos sensíveis incompreendidos marginais
prefiro comprar umas poesias do rapaz que vende seu livro
e me dá um autógrafo dizendo que meu sorriso o encanta
saio do inferninho cult
e ando entre os bêbados que sobram nas calçadas
brincando de ser felizes
dançando em desequilíbrio
inebriados por sons que saem de todos os lugares
de baixo, de cima, de lado
abro a porta do tradicional restaurante
e encontro uma casal acabado
ela triste de tanto beber
e ele cuidando para ela não cair
vamos pegar um táxi
que lá dentro tá tocando MPB FM
e é uma boa maneira de ir para casa
se despedindo das luzes das cidades
o apartamento é um abraço acolhedor
agora ouço um pianinho
e penso:
no fundo só queria ir ao cinema abraçadinha e tomar um bom vinho

sábado, 7 de maio de 2011

ANTHEM

Passos incertos até a janela


os olhos desgarrados da mãe

não pensam duas vezes em olhar

para um lugar distante e proibido



aquele vai virando fumaçada na memória

até que um dia ele possa se apagar

e virar cores, lembranças soltas, perdidas na curva



o viajante se encanta com as luzes do entardecer

e para tudo somente para admirar

pode ficar horas pensando

sua vida é ele que faz



o cheiro da noite faz o coração disparar

um flash de ansiedade invade o corpo

e é preciso seguir na calada, sob as estrelas,

às vezes a lua cheia

solene e austera



como um filme oriental

o tempo é outro e tudo é relativo

nada é tão grande quanto os detalhes

que transformam o sentido

e mudam a história



a pele ainda tem o mesmo cheiro

talvez nova textura

mas o cheiro...

quinta-feira, 5 de maio de 2011

EFEITOS

Um dia desses vou encontrar você na rua e certamente vou sorrir

Mas nunca saberá de nada que eu senti.

Quem sabe você ainda ouve o som da minha voz

ao se deparar com uma risada solta perdida em seus lençóis



Num lapso de memória já tentei reconstituir

o que aconteceu com a gente e fez a nossa história simplesmente se esvair

Talvez quando o sol aparecer no seu quarto de dormir

ainda possa existir um lugar que fomos felizes antes de partir



Mas nunca saberei.

Só posso imaginar.

O tempo ainda é o melhor amigo da cura



Jamais entenderá

o efeito que causou

a minha vida estar tão distante da sua



Um dia desses vou te encontrar ao acaso em qualquer lugar

e conseguirei disfarçar muito bem minha profunda solidão.

Ainda penso quantas coisas valeriam retomar

Mas vou fingir que tudo não passou de uma ilusão



Eu vou me declarar

O amor também é dor

E ainda acredito fortemente em sonhos



O sol já vai chegar

meu corpo vai sentir

vou me banhar de luz entre as voltas que esse mundo faz questão de dar.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

O RETORNO

O site Drama Diário está entrando no seu quarto ano de existência com uma nova proposta:


Dramaturgia em série. Cada um dos sete autores irá atualizar o site com textos inéditos diariamente, mas aos invés de cenas curtas, com temas pré-definidos, os autores se lançam ao desafio da continuidade. Um capítulo por semana, sete histórias diferentes, podendo resultar num roteiro de cinema, uma novela, um seriado, ou até mesmo numa peça de teatro.


Segunda é meu dia e comecei com um mini novelina: O Retorno!


http://www.dramadiário.com/

quinta-feira, 28 de abril de 2011

VENTO BOM

Atravessava a vida com olhos cheios d´água


Tentando compreender os desalentos de um amor

Para transformar a imagem guardada em paz



Então fez uma curva despercebida

E se deparou com um sorriso deixado no passado

Abrindo os braços sem julgamentos



Que a fez feliz e a deixou leve

De uma culpa que nunca existiu

Porque o amor vem da verdade



Viva vida cheia de voltas

Agradeceu às novas chances

E a capacidade que o sentimento tem de se renovar

E amadurecer


Porque nunca somos os mesmos

Depois de tantas experiências

E escutar tanto a própria alma


Hoje sinte o vento

E vê que ele é bom

Trás a brisa delicada

A conduz ao lar acolhedor


Vento mineiro que dobra a serra

Penetra no corpo vivido

Que não quer mais o inatingível


Quer o carinho mais possível

Quer dar o sorriso mais pleno

Quer a possibilidade de amar

Mais livre, sem condições

Sem imposições.

.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

A VEIA VIBRA

Lábios de cetim

é como um blues
que toca escondido
proseando palavras raras
na noite solitária
do apartamento infinito

olhos tão profundos
de amêndoa doce
tempero fino
que faz meu coração bater

e a vida ganha outras cores
ao som do piano
do gênio anjo
que deixa sua música pro mundo
mas eu digo que é pra mim.

O som dá uma virada
notas mostram outros caminhos
o incógnito faz vibrar
as veias dcorpo como cordas de violão
em seu momento auge
pleno e soberano.

e cresce, cresce, até não poder mais
para depois deixar  suspirar quase
que implorando
porque nem sempre cabemos no contexto,
mas e daí.

ah! como é bom sentir
o clímax
os acordes eletrizantes
que nos sorriem
como quem diz

Uhuuuuuu!!!!

sábado, 16 de abril de 2011

MUDANÇAS ou ALEGRIA EM TOM MENOR

Parti me jogando na estrada
Pisando com passos tão fundos
Andei até outras moradas
Enquanto meu amor esperava

Me vi do outro do mundo
Tentando esquecer minhas falas
Perdeu-se o passado futuro
Pra reencontrar vidas raras

Outrora o que teve sentido
Deixou no caminho as amarras
Sou eu que construo o segundo
E o fim da história não acaba

No céu tem um rosto que chora
Memória que pouco durou
Semente plantada germina
Meu todo já se transformou

O rio que se distancia
Me faz encontrar outras fontes
Os pés viajantes sedentos
Querendo alcançar o horizonte

Se o mundo por fora é tão grande
Por dentro o medo desata
Sou eu o maior navagante
De um sonho que a vida acata...

segunda-feira, 11 de abril de 2011

MOVIMENTOS

Toda palavra

tem uma alma

É como espinho e flor

que vai

e volta com o vento

sopra e transforma

a dor...


Das profundezas

retorna a valsa

que foi escrita além

do som

que invade o silêncio

vibra e termina

bem...

.

domingo, 3 de abril de 2011

MAIS UMA

Toda essa dança conduz

caminhos tortuosos
e a vida faz questão de rir


ri e zomba da mediocridade
que não soube
a melhor verdade
e deixou o amor partir


vemos de repente
o amadurecer chegar tão lentamente
ele vem pra nos dizer que aquele agora já se foi
e se não olhar pra frente
é outro modo de regredir.

e se estou mais sábia
minha pele mais vivida
meu olhar já tem história
suficiente pra saber mudar

penso quanta coisa
foi embora
e se errei
há tanta coisa
que pode chegar

passa vida, ironia
se diverte com aqueles
que não souberam enxergar


mas que bom, há esperanças
sou um ser que não se cansa
de agarrar as chances que
o destino ainda vai me dar.

sábado, 26 de março de 2011

PERCEPÇÕES DE UMA NOITE

Fico um pouco triste
quando vejo que a espectativa é falsa.
E ter que se acostumar a não criá-las.
Tão bom seria ser inteiramente feliz
no presente, sem medo do depois.
Não se iludir com falsos adjetivos e promessas,
ou fingir que "tá tudo bem", "não é nada",
mas por dentro querer sorrir genuinamente.
São verdadeiras lições do clichê do "o que já foi, já foi"
e ter que engolir em seco e olhar pra frente.
Não tocar no que já está fechado,
nem ousar reabrí-lo,
para o clichê não voltar e ter que dizer: "você já sabia".
Então me entrego ao meu silêncio,
à noite solitária,
à paz dos livres no mundo,
ao mistério do amanhã,
ao que depende só de mim,
às minhas proprias fraquezas,
que lutam contra a força de vontade,
me exaurem no fnal do dia,
me entrengam ao desperdício do nada,
quando eu poderia estar mais ligada,
mais ativa,
mais.
Mas, mas, mas vou fingir que "tudo é assim mesmo",
" e eu sempre fico bem no final".
"Não vou mais me iludir com os mordes e assopra"
que, por coincidência, ou por minha própria escolha,
teimam em me prestigiar.
Não, não, não.
É tempo de avançar.
Deixar quieto, não por medo.
Deixar quieto para vir o melhor.

sexta-feira, 25 de março de 2011

O ...

O som inpspira a imagem
me faz delirar em pensamentos distantes
que transportam meu corpo ao outro.
outro lugar, outra visão, outro encontro.

Dias, horas, e o corte seco em busca de sarar
quero tudo, quero todos, quero ser
sem apenas imaginar,
quero ser sentindo a pele rasgar
dos pés à alma,
não passar por cima, passar por dentro
profundamente, intensamente.

Sem o mistérios, tudo é sem cor
administrar o tempo
é estar em evolução
tantos, tantos tantos

o que?

Como?

Hein?

silêncio para a ouvir a resposta
é preciso parar,  perceber
palavras, palavras, palavras
muitas vezes elas não servem pra nada
são apenas letras soltas no espaço

é preciso não deixar fugir, ir embora
aquilo que entrou na vida para ficar

Às vezes tudo o que sobra é o vazio
E um pouco de música
para ajudar

por dentro há o oco,
preenche tudo sem preencher nada
e o que somos pra fora, não tem nada a ver
com o que somos.

Mas só existimos por causa deles, dos outros
nos vemos através deles, erramos através deles
então que seja
abaixo o impossível

faço dessas palavras sem nexo e sentido
meu atestado de lucidez.

.

quinta-feira, 10 de março de 2011

THE END- CURTA METRAGEM





The End faz parte do Projeto AMORES  de Helio Ishii
The End: 
de: Renata Mizrahi
com: Marilene Grama e Osvaldo Gonçalves
Dir: Helio Ishii
Dir Fotografia: Erick Mammoccio

quarta-feira, 9 de março de 2011

JOAQUIM E AS ESTRELAS PELO RIO

Minha peça Joaquim e as Estrelas vai rodar o Rio em Março nos Sescs e em Abril nos Sesis
abaixo a programação de março
avisem aos amigos =)





LOCAIS EM MARÇO

SESCs (sempre às 16h)
12/03 – Madureira
13/03 – Nova Iguaçu
19/03 – Caxias
20/03 – Ramos
26/03 – Eng. De Dentro
27/03 – São Gonçalo

ABRIL - SESIS - CIRCUITO CBTIJ
10/04 - domingo - Unidade Duque de Caxias
15/04 - sexta - Unidade Macaé
16/04 - sábado - Unidade Campos
17/04 - domingo - Unidade Itaperuna
30/04 - sábado - Unidade Jacarepaguá


Joaquim e as Estrelas é uma peça infantil inédita da autora Renata Mizrahi com direção de Diego Molina e co-direção de Gisela de Castro. É um projeto da Cia Teatro de Nós com parceria da Zucca Produções Artísticas.A recebeu o patrocínio do Oi Futuro e estreou em Julho de 2010 no Oi Futuro em Ipanema no RJ. Recebeu prêmio de melhor texto no  Prêmio zilka salaberry 2010. Foi indicada a 4 categorias no prêmio Zilka Salaberry de teatro Infantil 2010 : melhor texto (Renata Mizrahi), melhor ator (João Velho), melhor atriz (Elisa Pinheiro), melhor iluminação (Anderson Ratto). O texto também foi finalista do concurso nacional de dramaturgia Ana Maria Machado 2009 realizado pelo CEPETIN - Centro de Pesquisas e Estudos do Teatro Infantil.


É o primeiro infantil da autora Renata Mizrahi. Com música original de Isadora Medella e Renata Mizrahi, a peça tem 60 minutos de duração, e conta a história de um menino, Joaquim, que é apaixonado pelas estrelas. Porém elas estão muito tristes, pois a maioria das pessoas deixou de olhar para o céu. Sentindo-se desvalorizadas, as estrelas começam a se apagar e Joaquim fica desesperado. Deixa de comer, de ir para escola, de brincar. Até que numa noite, ele sonha que uma estrela lhe diz que se ele quiser muito que elas voltem, as pessoas deveriam voltar a olhar para céu. Joaquim, então, tem a missão de fazer com que as pessoas dêem importância para o céu. Aos poucos as estrelas vão voltando a aparecer e Joaquim diz o nome de cada uma, mostrando a todos o quanto gosta e sabe sobre elas. Mais uma vez, o céu fica todo iluminado e Joaquim consegue que todos voltem a valorizá-lo.

O ator Leandro Muniz (substituindo João Velho) vive o personagem Joaquim. Também estão no elenco Elisa Pinheiro, Renata Mizrahi (substituindo Gisela de Castro), Morena Cattoni, Marcio Freitas, Peter Boos e Carolina Godinho. A peça também conta com cenário de Doris Rollemberg e figurinos de Mauro Leite

Focado no público infantil é uma peça também para toda a família, na medida em que o texto resgata de forma divertida a alegria de compartilhar a beleza que está ao alcance de todos. Uma peça que se propõe a fazer uma reflexão sobre o papel do teatro infantil, que tem a grande função de formar platéia e opinião a partir de trabalhos de qualidade que além de entreter possam educar.

quarta-feira, 2 de março de 2011

F!

O tempo passa e ainda assim tem gente que não entende nada.

Nem sempre a música pode ser ouvida ou sentida se não estivermos atentos.
Esse é só um modo de ver a vida
De tantos expostos e oferecidos como mercadorias banais
Mas sem desespero porque o tempo pode mudar
Salvem os que sabem dançar
Salvem os que sabem olhar além e realmente enxergar
Talvez o tempo para esses passe de modo diferente
E quem sabe a música não cessará.
É só um ponto de vista
De tanto milhares
Mas um ponto pode até imperar soberano em reinos mágicos
O carnaval se faz presente, mas a alegria é interna
Mil vezes cantar por dentro
Mas todo disfarce é legítimo se vem com promessas de esperanças
Falso são os que tem medo e julgam para não serem julgados
Se escondem em teoremas pós-graduados para não se exporem ao mundo e sentirem a vida escorrer pelas veias, com todo o pacote: sofrimentos, paixões, alegrias, medos, tristezas, tesão.
A alegria genuína é uma aquisição rara e para obtê-la é preciso se esforçar
Foram-se tempos das egóicas crises do próprio umbigo
É fácil apontar, difícil agir.
Vieram os tempos de heróicas tentativas
Para o riso ser honesto
E que o amor seja mesmo piegas
E seja mesmo cafona
E seja mesmo
Porque às vezes é até bom
Ser sem se preocupar
E para aqueles que olham de cima, possuidores de uma verdade medíocre
Digamos
FODAM- SE!

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

LINHAS

O tempo passa e lá são vão palavras soltas

tapeiam a história fingindo-se donas
escondem seus erros
como senhorinhas frágeis
atadas às surpresas após as curvas.


Cada passo motiva a trama
revela planos impulsiona
sou eu que escrevo o drama
mas é ele que me engana.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

SIMPLES CANÇÃO

Quais os sinais eu posso acreditar

quando ainda sonho com você
apesar de tentar tanto esquecer
e ofuscar esse amor com mil coisas a fazer


essa canção é muito simples
não pretende ser maior
fala de alguém já se foi
viajando para longe
mas por dentro não consegue se afastar


O que se faz quando se ama
e não se pode aproximar


nem o tempo é perfeito
quando trabalha para o acaso nos juntar

chorar não é nenhum apego
é a lembrança que se vai
se despedindo lentamente
cada imagem é a saudade
que o presente luta para se livrar

o que se faz ao acordar
quando no sonho tudo é bom
integrados em assuntos como amigos ou amantes
abrir os olhos é tirar a dúvida com a ilusão

O que se faz para esquecer
quando a memória quer ficar

é tentar seguir em frente
subindo e descendo para quem sabe um dia a história se fechar

.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

SEM MAIS

Não queria, mas é assim, necessário.

Porque às vezes é preciso parar,
Senão ficam apenas fantasias
Com doses de dores em frascos de ilusão.


Se tivesse o mínimo, talvez faria o contrário
Mas nem o mínimo me é concedido
Negocio meu destino para não me perder
Em falsos encantos, certeiras ciladas


Faço uma balburdia em copo d'água
Me surpreendo com minhas próprias profundidades
Não consigo lhe dar com o “não”
Mas o aceito sem contestar


Envergonhado fico com esse sofrimento
Como se ele não me fosse de direito
A fraqueza é involuntária
E o desejo uma obsessão

Só me resta seguir numa única direção
Ela me guiará para o lado oposto
O outro lado
O lado de lá

E, lamentando, um dia esquecerei
Talvez duvidando do próprio esquecimento
Ou injuriando-o com manhas infantis
De quem não obteve o que gostaria

Mas o que consola é que nem sempre a malcriação faz sentido

E muitas vezes a manha não tem razão
Então vou, lançando-me em mistérios
Quem sabe, sem mais, consigo
Ir sem olhar pra trás